
#vidasnegrasimportam
Intitulada com um colorismo pardo, a negritude pertence a minha essência.
Fui gerada por um preto e uma descendente de europeus. Os pais que me adotaram eram pessoas “brancas”. Chamaram-me de filha e deles recebi amor incondicional.
Certamente foi privilegiada, pois sempre me senti protegida com uma família que fortalecia a minha essência, enquanto me ensinavam sobre o valor de cada vida.
Por vezes, durante a minha primeira infância, algumas pessoas não me chamavam pelo nome, mas pelo termo “negrinha”. Será que me comparavam à Negrinha, título de um livro de Monteiro Lobato? Seria uma forma carinhosa ou um termo cruel, encarnado de racismo? Em minha inocência, eu sequer imaginava o que aquilo significava, tampouco conhecia o livro deste autor.
Minha mãe me contaria, anos mais tarde, o que as pessoas diziam a ela: “você vai se incomodar com essa negrinha”. Não e não! Meus pais não se “incomodaram” comigo e porque deveriam? Não foi a cor da minha pele que construiu o meu caráter, mas o que aprendi com meus pais sobre ser justo e olhar a todos amorosamente.
Hoje, pensando no meu passado, e no presente que me aparece, avisto a existência de uma pequenez na alma tantos seres, humanos como eu, que se incomodam com a melanina a mais, presente na minha pele, e na pele de tantos outros.
Já adulta, o racismo e o preconceito, inclusive contra os seus, ressurgiriam camuflados.
A maioria das pessoas diz não ter preconceito, nem se considera racista, mas na verdade estamos longe de acabar com esse ódio dentro do coração de tanta gente.
Qualquer experiência com o racismo ou qualquer tipo de preconceito é sempre perverso, e entristece profundamente.
Somos seres únicos. Nossos corações pulsam igualmente e com a mesma cor vermelha. O que nos difere, além das nossas escolhas e o que construímos em nossa jornada, é a quantidade maior de melanina que o “grande Pintor” nos concedeu.
Mais amor, por favor!
#Vidaspretasimportam